Setembro Surdo

Campus Machado dá voz à comunidade surda em celebração ao Setembro Surdo

No dia 30 de agosto, a Direção de Ensino do IFSULDEMINAS – Campus Machado realizou um sábado letivo com programação voltada à comunidade surda e a profissionais que atuam direta ou indiretamente com pessoas surdas. A ação fez parte das homenagens ao Setembro Surdo e ao Dia Nacional do Surdo, celebrado em 26 de setembro.

O objetivo do evento foi apresentar a história e a cultura surda, além de valorizar o status linguístico da Língua Brasileira de Sinais (Libras), incentivando sua aprendizagem como forma de comunicação e de superação das barreiras linguísticas. O responsável pela organização foi o professor Reginaldo Aparecido Silva.

Segundo o professor, a motivação surgiu da percepção de que não havia registros de atividades relacionadas ao Setembro Surdo no Campus Machado, assim como de palestrantes surdos sendo protagonistas em eventos institucionais. Como professor de Libras do campus, ele assumiu a responsabilidade de promover esses encontros, difundir a Libras e cumprir o que estabelece a legislação brasileira.

Reginaldo destacou a importância simbólica da iniciativa: “Quando se promove eventos que tenham acessibilidade e estes são direcionados à minoria linguística, a Comunidade Surda se movimenta para estar presente. Por estarmos no interior de Minas, onde poucos ou quase nenhum evento assim é promovido, faz jus que a presença seja significativa e a troca de experiências se torne singular.”

A programação foi pensada para que os próprios palestrantes surdos fossem protagonistas, relatando suas trajetórias com o intuito de sensibilizar e desfazer equívocos ainda presentes na sociedade. “O evento foi feito para eles! Diferentemente de outros eventos que acontecem no Campus, tendo a língua portuguesa como língua majoritária e a presença de intérpretes de Libras para a mediação, esse evento foi feito na língua de sinais. Foi pensado para que todos se sentissem em casa, falando em seu idioma, sem barreiras, sem exclusão. Para os presentes não-surdos, as tradutoras e intérpretes Josiane Figueiredo e Nádia Campos fizeram a mediação da Libras para o português com toda a expertise necessária.”

O professor também ressaltou o valor institucional da ação, pois considera que quando um evento é realizado e pensado para o público, tendo esses como protagonistas e lugar de fala, e com o apoio institucional, isso mostra à sociedade que a inclusão está em andamento. Além de demonstrar que há quem deseja fazer a diferença na educação e mostrar que juntos, como instituição, é possível valorizar as minorias e incluir e respeitar as diferenças.

Reginaldo contou ainda sobre os desafios enfrentados: “Por ser professor substituto e residir em outro município, a distância trouxe desafios. Embora uma comissão tenha sido formada, as solicitações para que o evento pudesse acontecer não foram muito efetivas, ainda que tenha ocorrido dentro do esperado. O evento recebeu pessoas de localidades distantes, como São Paulo, São José do Rio Pardo, Carmo de Minas, Divisa Nova, Varginha e Alfenas. Isso foi muito significativo. Mas o mais marcante foi promover o encontro entre os pares: quem estava longe veio ao encontro de quem está só. O encontro surdo-surdo sempre valerá a pena!”

Ele também destacou a participação de professores e alunos do Campus, que demonstraram carinho, interesse e alegria por vivenciar o evento em outro idioma, em contato direto com a comunidade surda. Para a professora Cléo Morais, palestrante e protagonista surda, a experiência foi igualmente marcante: “Tanto eu como os demais palestrantes pudemos destacar a importância da acessibilidade e das políticas públicas voltadas à causa e às lutas da comunidade surda. Que possam promover uma sociedade acadêmica mais inclusiva às necessidades e vivências da pessoa surda no âmbito educacional e em respeito às suas diferenças no meio em que vivem, garantindo, assim, o direito já estabelecido por lei.”

A professora acrescentou que o evento promoveu uma rica troca de experiências para todos os presentes e expressou o desejo de que iniciativas como essa se tornem mais frequentes, contribuindo para a construção de uma sociedade menos excludente e mais inclusiva.

Texto: Ascom/ IFSULDEMINAS - Campus Machado com informações do professor Reginaldo Aparecido Silva
Fotos: Divulgação