Palestra: Amor não machuca
Palestra “Amor não machuca” convida estudantes e servidores a refletirem sobre relações abusivas
Na manhã da última quinta-feira, 17 de julho, cerca de 350 pessoas estiveram no Auditório Antônio Carlos Estanislau para acompanhar a palestra “Amor não machuca”, conduzida pela advogada Bruna Moura, assessora municipal. Voltado a alunos e servidores, o evento foi promovido pelo Núcleo de Estudos e Pesquisa em Gênero, Educação e Sexualidade (NEGES), em parceria com o Grêmio Estudantil União e Desenvolvimento, com apoio do IFSULDEMINAS – Campus Machado.
O objetivo da atividade foi promover um espaço de escuta, reflexão e orientação sobre o desenvolvimento de relações interpessoais saudáveis, baseadas no respeito, no diálogo, na liberdade e na equidade de gênero. A palestra também propôs uma discussão crítica sobre a naturalização da violência no namoro, ainda recorrente em diferentes contextos sociais.
Logo no início, Bruna esclareceu que a proposta não era apresentar conceitos prontos, mas construir coletivamente a reflexão com base nas vivências dos próprios estudantes. “Eu não trouxe conceitos prontos, nós vamos trabalhar aqui de acordo com a realidade de vocês”, disse, incentivando a participação ativa dos presentes.
A partir de uma dinâmica interativa, ela pediu aos alunos que definissem o que é “ser homem”. As respostas, espontâneas, revelaram uma variedade de percepções: “aquele que paga conta”, “quem não precisa ser mais masculino que a mulher”, “quem respeita o outro”, “quem trai”, “quem toma atitude”, “quem mente e engana”. Em seguida, a palestrante propôs um exercício de inversão, transferindo o contrário dessas definições para o feminino, a fim de mostrar o quanto essas ideias podem ser arbitrárias e limitadoras. O momento gerou reflexão e demonstrou a complexidade das construções sociais em torno da ideia de gênero.
Para o professor Douglas Rodrigues, coordenador do NEGES, a atividade foi muito positiva, tanto pela abordagem adotada quanto pela adesão do público. Segundo avaliou a adesão dos professores, que liberaram suas turmas para participar do evento, “foi fundamental para o sucesso da ação, resultando em um público expressivo, participativo e engajado em intensas trocas de saberes”, comentou. Ele também destacou a postura da palestrante: “Sua abordagem sensível e bem fundamentada gerou um ambiente de escuta atenta e interação significativa”.
A professora Gisele Loures, que atua no âmbito da linguagem e educação, observa que a adolescência é uma fase de intensas transformações físicas, emocionais e sociais, marcada por desafios relacionados à autoimagem, aos relacionamentos e às representações sociais sobre identidade e gênero.
Segundo a profissional, muitos jovens enfrentam angústia, raiva ou depressão por não se sentirem compreendidos e, por vezes, reproduzem comportamentos violentos e preconceituosos herdados de estruturas culturais desiguais. “Como educadora, acredito na importância de diálogos como esse, que contribuem para combater a violência de gênero e construir uma cultura de paz. A educação tem o dever de colaborar na reconstrução dessas estruturas e na promoção do respeito às diferenças”, afirmou.
Rúbia Braga, enfermeira do Campus Machado que convive diretamente com os alunos, também considera o tema necessário. Ela observa características comuns nos vínculos estabelecidos entre os estudantes, destacando a superficialidade das relações entre eles, a intensidade com que processam os sentimentos e, ao mesmo tempo, a rapidez com que superam as questões. Mas também nota atitudes de desrespeito entre os adolescentes, “piadas e brincadeiras que podem ser ofensivas”, relatou.
Ao final da palestra, Bruna apresentou orientações práticas para identificar sinais de relacionamentos abusivos ou tóxicos, oferecendo subsídios importantes para o reconhecimento e enfrentamento dessas situações.
O estudante Nícollas Saldanha Reis, do curso Técnico em Informática, participou do encontro e afirmou que a experiência o tocou pessoalmente. Ele mesmo passou a identificar padrões que já havia vivenciado. Para Nícollas, o debate é essencial no contexto escolar, principalmente pela faixa etária dos alunos e seus interesses enquanto adolescentes e jovens adultos. “O Campus deve ter mais vozes femininas e feministas”, defendeu.
Integrante do NEGES há dois anos, o estudante já participou de eventos do mês do orgulho, debates e ações de enfrentamento promovidas pelo Núcleo. “Adoro minha equipe e é sempre animador quando temos novos membros e reuniões ordinárias”, relatou. Segundo ele, é importante continuar fomentando esse tipo de discussão.
Sobre o NEGES
O Núcleo de Estudos e Pesquisa em Gênero, Educação e Sexualidade (NEGES) é um espaço de diálogo, aprendizado e acolhimento, destinado a promover debates e ações sobre equidade de gênero, diversidade sexual e direitos humanos. O objetivo é fortalecer a consciência crítica e a inclusão dentro da comunidade acadêmica, proporcionando atividades educativas, eventos, grupos de discussão e projetos sociais.
Texto e Fotos: ASCOM/ IFSULDEMINAS - Campus Machado
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