Por Uma Educação Inclusiva
Campus Machado capacita profissionais em Educação Especial na perspectiva da inclusão
Desde 2019, o IFSULDEMINAS - Campus Machado oferta, na modalidade a distância, o curso de Formação Inicial e Continuada (FIC) “Educação Especial e Inclusiva”. Quatro edições já foram concluídas, com um total de 37 mil inscritos e 6.455 alunos formados. A última atualização do curso atendeu a uma demanda internacional. Por meio de uma parceria com um grupo de estudos de Moçambique, País que também fala português, uma turma foi aberta para estrangeiros.
A primeira edição, em novembro de 2019, foi pensada para atender a uma demanda regional levantada junto às Superintendências Regionais de Ensino nas cidades de Varginha, Pouso Alegre e Poços de Caldas e em pesquisa com as escolas estaduais. Inicialmente, foram lançadas 600 vagas. Com a grande procura, a coordenação de Extensão decidiu estender o curso para os 2.500 inscritos da primeira turma. Na segunda edição, foram abertas 2.500 vagas. Mais de 13 mil pessoas se inscreveram e a procura, cada vez mais expressiva, impulsionou novamente a ampliação, desta vez para 4.000 vagas.
Mundo para a inclusão
Os brasileiros portadores de alguma deficiência somam cerca de 17,3 milhões de pessoas, o equivalente a 8,4% da população em geral, conforme uma pesquisa do IBGE, divulgada em agosto deste ano. Destes, 67% não têm instrução alguma ou não chegaram a concluir o ensino fundamental. Entre as pessoas sem deficiências, esse porcentual é de 30%.
Segundo o último Censo Escolar, divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), em janeiro deste ano, o número de matrículas em classes comuns de alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades, chegou a 1,2 milhão em 2018, um aumento de 33,2% em relação a 2014.
O interesse pelo tema - educação especial e inclusiva - surgiu devido à necessidade de capacitação no ambiente escolar. Leis e diretrizes do Ministério da Educação tiveram como objetivo assegurar o atendimento aos educandos com deficiências. E para que isto ocorra, as escolas e profissionais precisam se adaptar. É o que destaca o coordenador do coordenador do curso FIC “Educação Especial e Inclusiva” e Técnico em Assuntos Educacionais do campus, professor Fábio Brazier. “A escolarização vem ao encontro do que preconiza a própria constituição, o direito de todos. Este é o primeiro movimento, que faz com as escolas passem a atender as pessoas com deficiência, então surge uma grande necessidade de profissionalização, de formação da área educacional”, explica.
Até a década de noventa, a formação de professores no Brasil de grande parte das instituições não contemplava, em seus currículos, formação para a educação especial na perspectiva inclusiva. “Os professores, hoje, lidam com situações com as quais não foram formados. Um curso de Formação Inicial e Continuada do Instituto vem ao encontro dessas necessidades. Ainda que o curso seja a distância, conseguimos aliar uma fundamentação teórica com espaços de vivências práticas. Com as lives, compartilhamos experiências de professores, que têm atuado na educação inclusiva”, conta.
De acordo com a servidora Michelle Marques, coordenadora de Extensão do Campus Machado, desde a primeira oferta, foram feitos ajustes e atualizações que pudessem aperfeiçoar o curso. A transmissão de aulas abertas pelo canal do Campus Machado no Youtube incentivou a procura pelo tema, totalizando cerca de 20 mil visualizações. Para melhorar o atendimento às pessoas com necessidades especiais, o campus contratou um intérprete e tradutor de sinais especializado em Libras para auxiliar os grupos de estudos que contam com cursistas surdos-mudos e para fazer a tradução de materiais e conteúdos.
Capacitação para estrangeiros
Na avaliação final com os cursistas, mais de 75% consideraram entre bom e ótimo, um resultado muito positivo, segundo a coordenadora. O próximo passo foi atender a uma demanda internacional, por meio de uma parceria firmada com Moçambique. A ação foi mediada pelo coordenador de Relações Internacionais do IFSULDEMINAS, o servidor Rafael Tenório, e sua equipe. Em agosto deste ano, teve início a primeira edição direcionada a 12 moçambicanos. Foram 160 horas intensas de curso concluídas com êxito, e que resultaram na formação de um grupo de estudos para Educação Especial em Moçambique.
Edrice Mendes é moçambicano, professor de ensino superior em diversas universidades, além de ser orientador e avaliador de trabalhos de conclusão de curso. Atualmente, faz parte de um grupo de parceiros acadêmicos para atender pessoas com necessidades educativas especiais, por ver a discriminação e a negação que este público sofre. “Na minha cidade, só tem uma escola que atende aos surdos, mas crianças com outras dificuldades não vão à escola nenhuma, porque não temos professores preparados. Meu grupo identificou algumas crianças e nos deslocamos de casa em casa para oferecer o aprendizado”, comentou.
Quando soube do curso oferecido pelo Campus Machado, se inscreveu e foi selecionado. “Comecei a acompanhar com muita dedicação o conteúdo que apresentava. Neste mês, estamos desenvolvendo atividades de réplica a outras pessoas sobre a FIC, temos muito boa aceitação dos formandos dos Institutos de Formação de Professores da minha cidade”, disse.
Para Edrice, “o conhecimento é a arma para mudança de qualquer sociedade”. Por meio do curso, o tema tem sido fomentado entre profissionais da educação em sua cidade. “A parceria leva o curso a professores, acreditamos que teremos o público-alvo de educação especial e inclusiva nas salas de aula regular, visto que os professores saberão lidar com o mesmo”.
Texto: Ascom/ IFSULDEMINAS - Campus Machado
Fotos: Divulgação
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